domingo, 24 de agosto de 2008

As periferias de Natal

Favela do Peão, no bairro de Ponta Negra: barracos ao lado de condomínio de luxo.

Em 2005, a Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb) da Prefeitura de Natal realizou um levantamento sobre as periferias da cidade. De acordo com esse levantamento, há 66 favelas oficialmente reconhecidas em Natal – mas dados atualizados indicam que esse número já aumentou para 82. Muitas vezes, são pequenos assentamentos precários, com reduzido número de domicílios, que em geral não oferecem condições mínimas para se viver. Pela nomenclatura oficial, as favelas são chamadas de “áreas subnormais”.

Segundo o engenheiro civil e superintendente do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio Grande do Norte (CREA-RN), Kalazans Bezerra, esse fenômeno da formação de favelas em Natal é fruto da “ocupação predatória do território da cidade, principalmente por estrangeiros, o que termina empurrando a classe média e os mais pobres para a margem – no caso dos mais pobres, para a periferia, notadamente as favelas”.

“Os pobres estão se acumulando em bolsões de miséria, principalmente na Zona Oeste de Natal, como nos bairros de Felipe Camarão e Guarapes, onde se tem o maior número de mortalidade infantil e casos de violência contra jovens”, disse Kalazans.

O levantamento da Semurb também revelou que a cidade, apesar de ter um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) considerado bom – 0,788 (varia de zero até um) segundo o censo de 2000 do IBGE – é marcada por uma forte desigualdade, em termos de qualidade de vida, entre as regiões mais ricas e as mais pobres da cidade.

Enquanto as regiões sul e leste apresentam os melhores índices de qualidade de vida, as regiões norte e oeste têm os piores indicadores sociais da cidade. Isso significa que na maioria dos bairros destas duas regiões administrativas a população tem a mais baixa renda, mora em domicílios com as piores condições de saneamento básico e possui o mais baixo nível de escolaridade. Em termos percentuais, 38,8% da população natalense (mais de 270 habitantes) são classificados no nível baixo de qualidade de vida. O estudo completo está disponível aqui, sob o título “Mapeando a qualidade de vida em Natal”.

Em relação às favelas, elas estão assim distribuídas por região: Norte (18); Sul (10); Leste (14); Oeste (24). No total, são 18.632 domicílios, onde vivem 74.528 pessoas.

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